Lembram-se quando Portugal foi campeão europeu em 2016? Foi exatamente durante um jogo de futebol do Euro que Catarina e João se conheceram. Quatro anos depois, aproximava-se o grande dia de celebrar o amor em família. 23 de Maio de 2020 havia sido o dia escolhido.
Como em todas as histórias, importa começar pelo princípio. A Catarina nasceu em Boston nos Estados Unidos, filha de pais micaelenses. Os Açores foram, por isso mesmo, o destino de eleição para férias durante toda a vida. Depois de umas férias na região em 2015, Catarina decidiu mudar o rumo dos planos de vida e viver em São Miguel.
Catarina Maia vivia nos Açores apenas há três semanas quando conheceu João Amaral. Ambos foram convidados para assistir a uma partida do Euro em casa de António, primo de Catarina e amigo de João. Partilharam uma garrafa de vinho no pátio e, como diz Catarina, “o resto é história”.
Com o passar do tempo, Catarina sentiu necessidade de voltar aos Estados Unidos. Incentivado pela namorada, João viu na emigração a possibilidade de ver o seu trabalho como enfermeiro valorizado de outra forma. No início de 2019, iniciaram os preparativos para a mudança, que seria facilitada caso fossem legalmente casados. A cerimónia religiosa e a celebração em família ficaria agendada para maio de 2020.
Mas então nunca ficaram noivos, perguntam-se vocês? Ficaram, sim, durante 36 horas, conta Catarina. Dois dias antes do casamento civil, em junho de 2019, João fez o pedido. A resposta já sabemos qual foi: sim!
Começaram os preparativos para o grande dia. A Plano A foi a empresa escolhida para organizar a celebração do amor da Catarina e do João. Juntou-se um elenco de luxo à lista de fornecedores: a Momento Cativo para o registo fotográfico; a Vanessa e o Ivo para a videografia; o Huginho The King como DJ; o Azor Hotel para deliciar os convidados; e o Convento dos Franciscanos na Lagoa para receber a festa.
Estava tudo alinhado e quase pronto. No início de março, quando os primeiros casos do novo coronavírus surgiram em Portugal, Catarina e João começaram a ficar preocupados e discutiram com a família a possibilidade de adiar a celebração por mais um ano. É que grande parte dos convidados do casal viajaria desde os Estados Unidos para o casamento.
A 12 de março, o casal viajou até ao Porto para levantar o vestido de noiva de Catarina e comprar as alianças de casamento. Na altura, ainda pairava a incerteza sobre adiar ou não a festa e, por isso, essa seria a última oportunidade de ultimar pormenores.
Quando regressaram a São Miguel, fizeram quarentena obrigatória em casa durante 14 dias. Dois dias depois, tomaram a decisão de adiar o casamento para maio do ano seguinte. Em causa estava não só a saúde do casal, mas dos convidados que chegariam de várias parte do mundo: Estados Unidos, Brasil, Canadá e de Portugal continental. Além disso, conta o casal, que sentido tem fazer uma festa quando o mundo se debate com uma pandemia?
A Plano A apoiou a decisão da Catarina e do João desde o primeiro momento, tal como, aliás, fazemos sempre. O casal conta como foi importante garantir que todos os fornecedores escolhidos para este ano estariam disponíveis para 15 de maio de 2021.
A pior parte de adiar, conta a noiva, foi mesmo ter que ajudar todos os convidados a alterar as suas viagens marcadas para este ano. Catarina deixa um conselho sábio a futuras noivas: não recomenda que ajudem vocês próprias os convidados com a marcação das viagens.
Quanto à data de 23 de Maio, Catarina e João dizem não ter qualquer ligação emocional a esse dia. Acreditam, sim, que casar agora não faz sentido, sem puder partilhar a felicidade com todos os que amam.
A pandemia de covid-19 não tem sido fácil para o casal, não só por terem de adiar a data de casamento, mas também porque estão fisicamente separados. Depois de terem feito a quarentena obrigatória juntos em casa, o João, que é enfermeiro de profissão, recebeu uma chamada da Direção Regional da Saúde com um pedido de ajuda: se estaria disponível para trabalhar na Santa Casa do Nordeste, onde haviam sido diagnosticados vários casos do novo coronavírus. Dada a contaminação do vírus, os enfermeiros do lar estavam em isolamento em casa e não havia quem cuidasse dos idosos.
Catarina encorajou João a aceitar a proposta e ajudar quem mais precisa, mesmo sabendo que isso significava que estivessem separados. Estar separados tem sido difícil, desabafa connosco Catarina, além de ter que lidar com a incerteza do risco que João enfrenta cada vez que vai trabalhar.
Separados já há algumas semanas, Catarina e João têm sido criativos: fazem videochamadas e encontros românticos à distância. Até partilharam, como no dia em que se conheceram, um copo de vinho: João sentado à porta de casa e Catarina no interior do apartamento de ambos. Dizem que fez lembrar os encontros de antigamente à janela.
Depois desta experiência, Catarina e João acreditam que a celebração do seu casamento terá ainda muito mais sentido, mais emoção, o dobro da diversão e o triplo dos abraços. Nós concordamos e mal podemos esperar pelo 15 de maio de 2021!
Texto: Inês Duarte de Freitas
Fotos: Samuel Fagundes foto